Dias após realizar uma festa de 12 horas para comemorar seus 70 anos, no final de março em Porto Alegre, Luiz Carlos Borges acabou se despedindo na última quarta-feira (10). Natural da região das Missões, que integra o noroeste do Rio Grande do Sul a países vizinhos, deixou um legado de cultura transfronteiriça e excelência musical, gravado em 35 discos.
Músico com formação universitária, tocava violão e principalmente gaita (acordeon, no gauchês), cantava, compunha e arranjava com erudição e sensibilidade. Sempre andou rodeado de músicos talentosos, a exemplo de Yamandu Costa, que foi apresentado à cena de festivais nativistas pela mão de Borges, ainda quando guri prodígio. “Ele me deu formação musical, me fez sonhar alto e acreditou profundamente na minha caminhada”, escreveu no Instagram o violonista, hoje reconhecido internacionalmente.
Em episódio da série O Milagre de Santa Luzia, o sanfoneiro pernambucano Dominguinhos apresenta Borges como um dos grandes acordeonistas brasileiros e rememora uma turnê que fez ao seu lado pela Argentina. Na produção, o gaúcho conta sua história e também reverencia Luiz Gonzaga, cuja obra estudou: “Considero ele o verdadeiro patrimônio da música popular brasileira, essa música mais levada ao povo”.